sexta-feira, 25 de maio de 2012

A promiscuidade paradigmática da neurociência

Autor: Daniel Gontijo

Como a neurociência é um campo interdisciplinar, sua pluralidade paradigmática não é coisa de se espantar. Contudo, há paradigmas que parecem ser mais permeáveis ou ajustáveis a mais níveis de análise. Pode-se, por exemplo, encarar os objetos e eventos relacionados ao comportamento, à fisiologia e até mesmo à bioquímica à luz do cognitivismo. O cérebro poderia ser concebido como uma máquina computacional (que computa ou processa informações), tendo a "codificação", o "armazenamento" e a "recuperação" de informações como alguns de seus processos. Um paradigma abarca não só conceitos e uma teoria, mas também crenças, valores e técnicas particulares. Como venho percebendo, o cognitivismo figura como o paradigma psicológico/comportamental predileto dos neurocientistas. Ainda assim, o mundo das informações parece não ter conseguido abraçar todo o campo das redes neurais, e o linguajar da comunidade neurocientífica procura compensá-lo de outras maneiras.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Círculo: um pouco de história

Domingo no Café Status, Savassi (2011)
Na primeira década do século XXI, três estudantes de Psicologia da PUC-MG participavam do grupo de estudos de Análise do Comportamento da universidade. Concomitantemente, um recém-graduado em Psicologia pela universidade FUMEC começava uma especialização em Neurociências na UFMG, aprofundando seus estudos em psicologia cognitiva e curioso sobre por que analistas do comportamento rejeitavam o cognitivismo; um estudante do Centro Universitário Newton Paiva se aprofundava ainda mais em seu estudo sobre a Análise do Comportamento para poder escrever sua monografia; e um psicólogo, trabalhando com casos difíceis de atraso de desenvolvimento, vinha descobrindo na Análise do Comportamento uma maneira mais eficaz de tratar esses difíceis e diversificados casos. Todos tinham em comum uma voraz fome por conhecimento, uma atração por temas filosóficos e, é claro, acesso à internet.

Pois foi através da internet, na comunidade de Análise do Comportamento do Orkut, que se conheceram. Debatendo sobre temas diversos, concordando em algumas coisas e discordando na maioria delas, descobriram que moravam todos em Belo Horizonte. A ideia de se encontrarem pessoalmente foi crescendo até acontecer, já no final de 2009, uma reunião na região da Savassi. O encontro foi tão bom, e o debate tão estimulante, que acabaram realizando outro, e outro, e outro... até que a reunião em plenos domingos pela manhã (sim, aos domingos!) para um café e um debate tornou-se hábito para os então estudantes da PUC-MG (Guilherme Farnezi, Pedro Sampaio e Ramon Cardinali), o especializando em Neurociências (Daniel Gontijo), o estudante da Newton Paiva (Júnio Rezende) e o psicólogo da APAE-BH (Vinícius Garcia).

Assim nasceu o Círculo da Savassi – nome que veio de uma brincadeira sobre o célebre Círculo de Viena –, ao qual outros tantos já se somaram (com frequência assídua ou esporádica) e, por motivos particulares, o deixaram. Seus membros, que se tornaram amigos e colaboradores, decidiram recentemente inaugurar este blogue: um locus virtual para reunir textos e vídeos, propiciar debates e, o mais importante, para que outras pessoas que tenham atração por temas científicos e filosóficos possam participar da conversa.
A equipe.